A internacionalização do ensino superior caracteriza-se como uma temática complexa, imbricada em uma dualidade onde ela pode ser uma ferramenta de partilha bilateral de conhecimento ou atuar como mais um componente articulador da geopolítica do conhecimento. Uma vez inserida no contexto de disputas entre o Norte e o Sul global, a internacionalização da educação, apesar de suas virtudes e potencialidades, deve ser analisada sob a óptica dos países marginalizados pela lógica econômica neoliberal. Assim, a pesquisa nasce da necessidade de compreender com mais clareza qual entendimento de internacionalização educacional ocorre atualmente. Para tal, o presente trabalho utiliza a metodologia de análise documental para realizar um estudo sobre o Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (GATS), além de outros documentos da Organização Mundial do Comércio, afim de explorar como o ensino superior é descrito pela organização e quais os impactos desse discurso nas relações entre universidades globais. Dentre os achados da pesquisa é possível notar o caráter mercantil adotado pela OMC ao descrever o ensino, caracterizando a Educação como um serviço e assim a inserido no contexto do comércio internacional. Essa descrição afeta principalmente os países do Sul Global, que na ausência de um sistema econômico refinado, e de políticas de internacionalização que contemplem seus cenários particulares, perpetuam lógicas de funcionamento educacionais que pouco condizem com suas realidades e necessidades.
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